quinta-feira, 4 de junho de 2015
Para falar a verdade, não queria estar ali. Nada fazia sentir vontade de sair daquele mundo de tela em LCD com cores em RGB e cenários cada vez mais distantes de uma ‘realidade’ mundana. Não, para falar a verdade cada vez mais preferia vestir-se como aquele herói de capa, espada, armaduras e montarias épicas. Talvez guerrear suas guerras, ganhar suas glórias, morrer como mártir e ressuscitar como mágica. Não... Para falar bem a verdade, não via mais sentido no mundo entre a terra e a cadeira do quarto em frente ao computador. Amigos só se fosse online, comida se viesse por delivery ou e-mail. Como por e-mail ainda não é viável, melhor delivery.

Não... Para falar a verdade, não tinha mais verdades nos olhos em que encaravam o mundo, para ele era como se o olhar para as outras pessoas fosse uma mescla de grandes mentiras e pequenas conspirações, em sua ideia, todos apenas queriam rotular seus feitos. Era O Nerd, O esquisito, O maluco, O sem futuro, O simplesmente inumano. Se bem que o primeiro e ultimo termo era encarado como elogio. Mas, não... Para falar a verdade, sua mente não queria saber dessas pessoas, elas não sabiam entender o motivo de seu distanciamento, não abriam brechas para uma aproximação verdadeira se não pelo interesse de sua única habilidade social, prestar atenção. Não, para falar a verdade não entedia bem esse mundo sem mágica, sem dragões ou jornadas de buscas memoráveis. Para onde olhava via somente pessoas com seus defeitos e qualidades ou de caráter duvidosos.

Definitivamente, não... Para falar a verdade, não tinha interesse nessa vida. As pessoas apenas falavam que ele era forte e que se quisesse encarar o mundo era só abrir a janela, dar o primeiro passo, abrir-se para qualquer um, afinal o vizinho também fazia o mesmo. Falavam que o mundo verdadeiro não podia se encontrar nos jogos, nos livros ou nas séries, ele precisava cair na real. Mas não... Para falar a verdade não queria bem cair na real, o que queria naquela altura do campeonato era uma bala no meio da testa para ver se finalmente conseguia entrar no seu mundo, sem que ninguém o incomodasse. Porém morrer não dá experiência e ele sabia que aqui não há mágica para reviver um mártir.

Não... Para falar a verdade, ele não queria saber de nada fora daquele mundo em LCD, não que de fato isso fosse algo inteligível em sua concepção. Só não via mais sentido na tal humanidade que tem como interesses os animais bonitinhos, notícias sobre propagandas e marcas, e futilidades. Para falar a verdade ele só acreditava que o mundo estava enlouquecendo numa depressão conjunta.

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