sexta-feira, 29 de maio de 2015
 – “Não me leve a mal, mas posso te fazer uma pergunta?”

Apesar daquela frase já ser uma pergunta, ponderou em responder. Aquele era para ser um momento de descanso, apenas. A panificadora estava lotada, porém ainda assim podia encontrar um local quieto, nas mesas do lado de fora.

Uma das atendentes trazia uma fatia de bolo de chocolate, mas antes havia comido dois mistos, com pão francês, e tomado uma coca-cola de 600 ml. Na rua, várias pessoas chegavam ao terminal, vindo de seus respectivos trabalhos.

– Não, melhor não... O Senhor precisa de algo mais? – perguntou aquela atendente.

De outra forma a desistência da moça, pela pergunta, o fez sentir melhor. O dia havia sido daqueles de ‘cão’, mas não qualquer cão, era um daqueles dos ‘infernos mesmo’, capiroto. Logo cedo teve que se levantar da cama, por volta das 5h da manhã e enfrentar o ‘batidão’ do transporte coletivo, para só após uma hora de espera descobrir que, naquele dia, haviam mudado as rotas e o ônibus que ele estava acostumado a pegar ali, já não passava mais naquela rua.

 Sem contar que, no decorrer do dia, não teve tempo de almoço, graças a um cliente que atrasou uma hora para no encontro. E quando a reunião terminou, já era hora de ir para outra sobre um site, redes sociais... Essas coisas que as empresas investem hoje, pensando que a comunicação é um simples engendrado de palavras soltas. Perto do fim do dia, ainda não havia comido e já colecionava a sexta reunião, com discussões que acabaram não dando em nada e outra que perdeu um cliente,

– Não, ‘péra’... Desculpe, você não leva a mão o que eu vou te dizer?

Respirou fundo e olhou nos olhos daquela atendente, não exatamente magra, mas de rosto bonito e com alargadores na orelha, piercings no nariz e uniforme da panificadora. Ela trazia uma fatia de pudim. Mas antes ele havia comido dois mistos com pão francês, uma fatia de bolo de chocolate e tomado uma coca-cola 600 ml.

– Pode dizer moça... – respondeu descrente. Ele só queria comer e matar sua raiva, e frustração do dia, pela boca. Assim como todos os ansiosos normais por aí.

– Você come demais!

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