sexta-feira, 29 de maio de 2015
 – “Não me leve a mal, mas posso te fazer uma pergunta?”

Apesar daquela frase já ser uma pergunta, ponderou em responder. Aquele era para ser um momento de descanso, apenas. A panificadora estava lotada, porém ainda assim podia encontrar um local quieto, nas mesas do lado de fora.

Uma das atendentes trazia uma fatia de bolo de chocolate, mas antes havia comido dois mistos, com pão francês, e tomado uma coca-cola de 600 ml. Na rua, várias pessoas chegavam ao terminal, vindo de seus respectivos trabalhos.

– Não, melhor não... O Senhor precisa de algo mais? – perguntou aquela atendente.

De outra forma a desistência da moça, pela pergunta, o fez sentir melhor. O dia havia sido daqueles de ‘cão’, mas não qualquer cão, era um daqueles dos ‘infernos mesmo’, capiroto. Logo cedo teve que se levantar da cama, por volta das 5h da manhã e enfrentar o ‘batidão’ do transporte coletivo, para só após uma hora de espera descobrir que, naquele dia, haviam mudado as rotas e o ônibus que ele estava acostumado a pegar ali, já não passava mais naquela rua.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
O gosto do café não trazia nenhuma outra sensação, se não o amargo daquela madrugada que nem mesmo Leonard Cohen conseguia, com sua voz de ouro, dar cor romântica a toda tragédia de uma só família. Não, definitivamente, nem mesmo o quarto escuro, enquanto todos dormiam, trazia o sentimento de segurança ou tranqüilidade. Pelo contrário, lá fora, mesmo que em silêncio, tudo era apenas gritos, sirenes, que em algum bairro rasgava as ruas de asfalto cor sangue e choros cantando injustiças...

A cama suada anunciava um corpo inerte que acabara de acordar de um pesadelo tão real, tão palpável... Lá fora, apenas luzes da noite e um suave assobio de um guarda que fingia dar proteção ao bairro. Uma mulher, de roupas surradas e corpo tão magro quanto á esquálida silhueta de um cabo de enxada ou vassoura, passava pela rua a procura de comida entre latas de lixo. A princípio, nada de incomum, uma noite mais que brasileira... Mas aquele sentimento agoniava o peito. O que estava de errado, fora o pesadelo?
terça-feira, 26 de maio de 2015
E AÍ DE REPENTE ESTAVA CASADO. Com direito a tudo, paletó, papel passado, dama de honra, coroinha, cartório, juiz, pastor, padre, padrinho e até um preletor espírita. Só não tinha pessoas da umbanda e do candomblé, porque sua recém esposa não conhecia nenhum. Dos convidados não faltou ninguém, aliás, só alguns amigos, considerados chatos por Ela, devido à insistência que eles faziam em ao invés do casamento irem jogar RPG.

A festa foi uma coisa de louco! Tinha um Buffet completíssimo, com pratos que variavam do clássico canapé, até mesmo a uma boa pratada de strogonoff de Filé e vinhos 12 anos. Ah! Não podia esquecer, também teve um cardápio completo para quem preferia comida japonesa ou italiana. Além disso, a decoração... Que decoração, fantástica! Ela havia contratado uma equipe de designers de interiores para misturar o gosto do casal, que mesmo sendo completamente diferentes como games e... (do que ela gostava mesmo?) Deram super certo!
QUANDO ME MUDEI PARA CÁ, nunca pensei que passaria por tamanho disparate. Sim! Disparate, não tem outro termo! Afinal é uma vergonha para qualquer um nesses tempos ultramodernos passar, ou melhor, não passar, por uma situação tão vexatória como essa!

Veja bem, quando me mudei, meu tio, completamente generoso e otimista, veio me dizer que Goiânia é uma cidade com grandes oportunidades, capital que quase não se vê diferença social. Local em que até os carros são tratados como pedestres, por estacionarem nas calçadas. E que, aqui, eu JAMAIS seria tratado de forma diferenciada na rua. Todo mundo é igual, perante a imaginação dele. Mas mal sabia eu, que aquele falatório era apenas história para boi dormir! E olha que de boi aqui tem muito, basta ver nas músicas sertanejas...

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