quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
POR ALGUM CAPRICHO do ‘Indesejado’,
do de ‘Lá de Baixo’, daquele ‘Pé de bode’, do ‘Tinhoso’, nasceu Militin de ‘cumpade
Zefa’. Homem dos mais conversadores e mentirosos que já pisou por aquelas
bandas. Não tinha uma história que não fizesse parte ou um assunto que não
fosse entendedor. Era de cabo a rabo conhecido pela cidade, muitos gostavam de
suas lorotas, chamando-o de amante da ficção, outros, no entanto, tinham
verdadeira gastura de ouvir até o nome daquele inventor de fatos
sensacionalista e inverídica dos acontecimentos da cidade.
Mas naquele dia, logo ao pé de uma
pequena ladeira, uma patota sentada numa dessas mesas de bar que fica na
calçada, atrapalhando a passagem dos pedestres na capital, avistou o tal
Militin esbanjando simpatia, descendo sabe lá deus para onde.
– Ôh Militin! – Gritou um dos
rapazes da patota, entre cutucadas e risadas de amigos – Ôh, Militin! Dá uma
chegada aqui, rapaz. ‘Vamo’ tomar uma!
Sorridente que só político em
campanha e mais falso que nota de R$ 3,00, olhou para o grupo com uma falsa
vontade de negar o convite por falta de dinheiro...
– Ei, meus ‘zamigo’! Acho que hoje
não dá. Num tenho um tostão no bolso, nem para pagar um cuspe escarrado de uma ‘rapariga’...
– Tem problema não... Tem problema
não, vamos rapaz, senta aí! Tem um aqui que ta falando sobre o dilúvio e queria
que ouvisse.
– Dilúvio? Rapaz, não fale disso
não que é até pecado, você não sabe como foi aquela época... Era um aguaceiro
sem fim.
– Uai Militin, você esteve também
nessa época?
– E como não? Foi uma chuva de 'rancar' o couro de vaca de tanto ‘pubá’ na água. Uma ventania que fazia os coqueiros
todos entortarem, igual as conta de Paulo Garcia. Sem contar nos pingos, que a
cada hora que tocava o chão abria uma loca parecida com o rombo das contas do
governo goiano. Rapaz... Eu tive foi sorte de sobreviver, porque, você sabe,
pobre igual agente num tem dinheiro pra comprar nem uma canoa de R$ 1,99.
– Rapaz, é mesmo? E como você
sobreviveu – perguntou como se tivesse acreditando, os rapazes.
– Na sorte, como eu disse pra
vocês – e fez uma cara de falso humilde – estava lá no alto do Morro do Mendanha,
quando começou dá uns pingos de chuva diferente, desses que a gente nunca vê
por aí. E quando olhei lá pra baixo, vi um aguaceiro... Que logo pensei: “ué,
em Goiás num tem mar...” Cacei logo foi um jeito de achar uma goiabeira e subi.
Sabe como é, pau de goiaba num quebra nem com suborno, além do mais tinha umas
frutinhas que me ajudou a matar a fome durante todo aquele tempo.
– E quando você desceu – já
estavam entre risos, a patota.
– Rapaz, quando eu desci era
aquele lodo todo pela rua, tinha lodo da chuva até em cima da torre da catedral
do Universitário. Mas o pior mesmo foi ver que meu cachorrinho tinha morrido de sede.
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Criação Lúcio Vérnon. Tecnologia do Blogger.
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