quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
E coitado de seu Arnaldo...

Ainda arrumando os copos de cerveja em seu ‘Bar Treme-Treme’, nome que homenageava seu Mal de Parkinson, ouviu o grito de Gemima, sua esposa (as vezes penso de quem foi a brilhante ideia de batizar a pobre mulher com essa ofensa).

– Arnaldo! Ôh Arnaldo!
– O que é Gemima! – retruca o home soltando seu pano branco de enxugar copos.
– Precisamos de ovos, Arnaldo. Vai lá na feira comprar!
– E isso é hora de procurar ovos, Gemima? Não tem feira de noite não!
– Mas precisamos de ovos!
– Ôh, meu Deus do céu, onde é que vou conseguir ovos uma hora dessas... Tá bom, Gemima, tá bom! – Não tinha jeito, era ir buscar ou ter que ouvir sua mulher gritar o tempo inteiro sobre esses tais ovos.

No quintal, Arnaldo guardava uma velha bicicleta Monark, vermelha, que raramente utilizava, até devido o Mal de Parkinson que contraiu desde muito cedo. E para piorar, as ruas da cidade eram todas pavimentadas com pedras de calçamento. Mas ainda assim, era melhor ir de bicicleta, caso contrário Gemima ficaria gritando para os clientes.

O grande problema é que na cidade já não havia feira, pois já havia passado das 16 horas e ainda por cima não era sábado. Dessa forma percorreu, trepidantemente, as ruas da cidade em busca de um mercado. E só após 20 minutos chegou ao Supermercado Rocha. Lá ele encontrou seus benditos ovos.

Porém queria o destino que no momento da volta – por conta de sua doença e uma ladeira muito mal feita, com pedras soltas devido a chuva da noite anterior – ele caísse se embolando todo com sacola de mercadoria, bicicleta e o que mais estivesse na frente.

A diferença de uma cidade do interior para uma capital é que quando alguém reconheceu Arnaldo, no meio daquela nuvem de poeiras e palavrões de voz esganiçada, pessoas correram para ajudar. Dona Santa, inocente as motivações da busca do velho dono do bar, solicitamente resolveu perguntar:

– Machucou, Arnaldo?
– Não! Só quebrei os ovos! – Respondeu, batendo a poeira do corpo.

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