terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Rapaz... Pense num cabra valente... Mas não qualquer valente. Pense num cabra valente do tipo sujeito bom, ‘baióla’ (não baitola), duro na queda. Esse era o famoso Celso Rodrigues. Homem com ‘H’ grande, tão grande que em toda sua valentia se tornou juiz de paz da comarca numa cidadezinha do sertão do cerrado. Porém, não desses juízes que depois se candidatam com suas ações contra o crime, apenas para meter a mão nos bolsos de quem o elegeu, igualando a aqueles a que deu ordem de prisão.

Não. Celso era um cabra valente, não um Demóstenes Torres que até hoje recebe dinheiro do Ministério Público sem nada fazer. Era tão valente que tomou fama até por suas respostas, tal qual Seu Lunga. Inclusive dizem as más línguas que uma vez lá na sua bodega entrou um sujeito metido a policial.

– Bom dia, Celso!

– Bom dia. – Respondeu direto, sem sorrisos, o bem da verdade é que nem levantou os olhos para ver com quem falava. Continuava ali cortando os ‘tijolinhos’ de doce de leite, enquanto pitava seu cigarro.

– ‘vosmicê’ tem o que pra vender aí, hoje?

– E não ta vendo não? Ta tudo aí a mostra e com preço – Respondeu de pronto sem nem levantar os olhos.
Mas o policial que não era de ficar para trás resolveu começar a perguntar, percebendo que Celso não tinha muita paciência.

– To vendo, to vendo... Mas são produtos bons?

– Oxe, ‘Pedro bó’! Pra mim foram sempre bons, nunca me fizeram mal “ninhum”. Mas se for para ficar nessa ‘perguntação’ é melhor ‘vosmicê’ tomar prumo e ir ‘cascando o fora’. Aqui é bodega de respeito e não ‘inquisitório’.

O homem cai no riso e na mesma hora, uma criança passa gritando: “olha a laranja! Laranja! Laranja fresquinha.”

– Seu Celso, será que é doce?

Já pegando um porrete no balcão Celso responde, enquanto o homem corre.

– Se fosse doce o menino tava grintando: “ói o doce, ó o doce!”

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