sexta-feira, 19 de setembro de 2014
E então depois de um sono relativamente tranqüilo – se é
que posso dizer que dormir na frente do Hospital de Urgências de Goiás, onde
moro, ouvindo as sirenes e ambulâncias durante a noite é tranqüilidade – acordei
e me arrumei para ir à faculdade, lá no Campus Samambaia, setor Itatiaia.
(Resumindo: longe a dar com pau).
Entretanto para chegar à faculdade não é lá muito fácil. Primeiro
tenho que enfrentar uma manada de gente que pisoteia o que ou quem estiver na
frente só para conseguir um lugar para sentar no veículo até chegar ao centro.
Depois outra manada de pessoas da mesma forma apenas para conseguir entrar num
ônibus que vai da Praça Cívica ao Campus.
(Sinceramente, eu não entendo o que esse povo, parece até que nasceu cansado ou
tem a síndrome da meretriz. Dá até brigar por um lugar para sentar.)
De qualquer forma, o dia seguia normal. O primeiro ônibus me deixou no ponto e só depois de mais ou menos 45 minutos consegui chegar até o Campus Samambaia. Entretanto já na descida percebi uma movimentação estranha. Atrás de mim vinha um casal com alguns adesivos na mão, uma máquina fotográfica, plaquetas, mochila e um leve sorriso na cara como quem esta escolhendo a presa ideal. Mas quer saber?... Nem me importei, pensei que fosse mais uns dos alunos perdidos ‘da humanas’ caminhando pelo lado errado da faculdade ou em busca de um lugar para... Digamos... Fumar em paz. Mas não era.
Eles pareciam me seguir e
logo ouvi comentarem que eu seria perfeito. Mas perfeito para o quê, meu
Deus?! Eles
aceleraram o passo e a moça logo me alcançou.
– Ei! Ei! Ei rapaz! – me chamou algumas vezes, até não
ter jeito e eu realmente não poder fingir que não era comigo – Você estuda aqui
não é?
Fiquei pensando na resposta... Queria ter dito: “Não, ta doida?
Eu só acordo cedo todos os dias, enfrento essas porcarias de ônibus para vir ver a grama.” Mas não disse.
– Sim! – Respondi relutantemente.
– Ah! Que bom, que bom!! – Sorriu para mim como se fosse
uma ‘retardada’ – é que nós estamos procurando pessoas que apoiem nosso
candidato Professor Federal (não citarei o nome verdadeiro)... Tenho certeza
que inclusive já tomou aula com ele, não?
Não! Eu nunca tinha sequer ouvido falar nesse tal
Federal. A única coisa federal que eu conhecia era a polícia que fica do lado
de casa, e a faculdade que faço. Mas...
– Sim! Como não? – respondi afirmativamente para ver se
conseguia sair dali o mais rápido possível – É um excelente professor!
– Pois é! – disse novamente sorrindo num tom diplomático
ou pensava que eu era dentista – será que você se importaria em tirar uma foto
para a campanha dele? Ele é candidato a Deputado.
– Sabe o que é... É que não voto aqui – lembrei de um
amigo meu que sempre diz isso – e, além disso, estou muito atrasado.
Comecei andar devagar para não parecer tão mal educado. Mas
acho que deveria era ter corrido mesmo, até porque só nessa conversa já me
levaram 15 minutos de aula.
– O que é isso? Só uma foto, não custa nada! – Tentou me
convencer e novamente me acompanhou.
Percebi que não ia ter jeito teria que tirar a droga da
foto ou então eles iriam para a sala de aula comigo se fosse necessário.
– Mas por que eu? – Sim, tive a paz de espírito de proferir isso alto. E não, não era para ela a
pergunta, era só um resmungo que dou, quando acho que não mereço essas coisas.
– Você está de vermelho e é a cor do partido dele, então
pensamos que talvez você o apoiaria, não estou certa? – respondeu minha
pergunta retórica.
Por que eu vim de vermelho, meu Deus?!
– Ok, moça, vamos tirar a foto, você me convenceu – na
verdade eu só queria sair daquela situação o quanto antes.
Ficamos uns 15 minutos a mais por conta da iluminação, do
lugar e etc. Mas na hora até sorriso eu dei de bônus, para eles me libertarem
logo. E só depois pude ir para a aula.
Cheguei mais atrasado do que o comum. A foto ficou uma
merda, eles me deram duas placas para segurar, meteram um adesivo no meu peito que nem deu para sair na fotografia. Só que
graças a Deus não perceberam, se não seriam mais 15 minutos.
Fui para aula. Fiquei na faculdade até por volta do meio
dia. E quando saí, lá estavam eles, pegando outros alunos. Tentei passar
despercebido, mas...
– Ei rapaz! Você poderia tirar uma foto para o professor
Federal?
História sugerida pelo amigo João Victor. (Sim, o rapaz da foto)
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