segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Aff... Que calor é esse gente? E olha que agora no final
da tarde deu uma chuviscada. Até parece piada, mas saí ali fora para dar uma
aproveitada na brisa e em menos de cinco minutos o asfalto estava completamente
seco. Até me faz lembrar uma piada antiga e amplamente conhecida:
– Meu amor... diz algo quente no meu ouvido, diz... –
fala a mulher com voz sensual, remexendo seu corpo e insinuando-se para o
marido.
– Goiânia... – ele responde, esbaforido.
E até lá, a visão já ficou turva, o mundo girou, o corpo
amoleceu, a pressão caiu e perdemos toda a capacidade de trabalho. Sim foi o
que me aconteceu hoje. Mas o pior não é passar mal. O pior mesmo é ter que ir
enfrentar uma fila de espera no hospital, devido a essa onda de calor da cidade
que mais parece a sala de espera do inferno. (como ouvi uma senhora falar).
Bem, no hospital, cheguei mais suado que um
trabalhador braçal no deserto e acho que até delirando. Delirando porque a
primeira coisa que ouvi do recepcionista foi: “boa tarde! O senhor está
passando mal?” Sim! Certamente eu estava delirando, se não teria respondido: “não,
vou em hospitais sempre que desejo comprar ar condicionado”.
– Como posso ajudar, senhor? – perguntou o recepcionista,
com um olhar que tentava me avaliar.
– Senhor não, por favor – respondi abrindo a carteira
para pegar os documentos – Gostaria de uma ficha para o atendimento na emergência.
– Entendo... – me disse como se fosse algo complicado de
entender – é que agora não posso entregar ficha, está tendo troca de turno e o
médico só vai atender lá pelas 10h30, tudo bem?
Como falar para o rapaz, que não, não está tudo bem.
Afinal estava passando mal e que tipo de troca de turno é essa que começa as 10h da manhã?
– Mas vou te cadastrando aqui para ser atendido assim que
o doutor chegar.
Aquilo parecia uma eternidade. Procurei um lugar para me
sentar. O mundo girava, as pessoas conversavam sobre tudo o que é relacionado à
doença. Chega até ser interessante como
o paciente é curioso com a doença do outro e como eles querem competir sobre quem
está mais doente. Parece até uma disputa em que o vencedor é quem morre
primeiro.
– Tá passando mal? – Ouvi novamente essa pergunta de uma mulher que me cutucava enquanto eu ouvia música e tentava manter o olhos fechados, devido a
tontura.
Pensei duas vezes, na resposta. Balancei a cabeça
afirmativamente, com minha sobrancelha levantada. Por uma fração de segundos
não respondi atravessado.
– O que você tem? – insistiu em querer saber, a mulher.
– Tontura – respondi sem querer puxar assunto. Não sou
dos mais felizes quando doente.
– E é só isso? Isso é motivo para vir a um hospital? – me
perguntou a mulher, com uma raivinha no olhar.
– Não... Vim no hospital porque além da tontura previ que
poderia receber R$ 50,00 para cada pergunta idiota que me fizessem – Não aguentei e respondi irônico. Ela se
levantou e saiu de perto.
1h30 depois, finalmente ouvi meu nome sendo chamado. A
enfermeira fez questão de repetir mesmo eu tendo já levantado e conduziu pelo
corredor até a sala do médico. Lá dentro sentava um senhor já de cabelos brancos.
– Senhor Lúcio Vérnon? – Confirmou meu nome.
– Jovem doutor... – tentei brincar com o fato de ter sido
chamado de senhor por um senhor.
– E então, o que está sentindo? – perguntou
Expliquei que na verdade estava naquele momento apenas
com tontura, mas que mais cedo havia tido náusea, fraqueza, visão turva. Muito
semelhante à pressão baixa.
– Hmmm – pensou por um tempo – isso é muito parecido, mesmo
com pressão baixa, mas você é o segundo que vem aqui com o mesmo sintoma. Está
muito quente. Você está se hidratando direito?
– Sim, sim. Ao menos dois litros de água por dia –
respondi, lembrando da minha caneca de 800ml que fica perto do meu computador.
– Muito bem. Então vou te receitar algo – puxou a caneta
e começou a escrever.
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Criação Lúcio Vérnon. Tecnologia do Blogger.
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