terça-feira, 14 de outubro de 2014
Acho que nunca passei tanto calor como nesse ano em
Goiânia. As coisas aqui andam tão complicadas de temperatura, que até tenho
medo de chegar na cozinha e confundir minha geladeira com o fogão e fazer o
almoço. Olha que por eu ser baiano, graças ao Senhor do Bonfim, deveria
suportar o calor, mas estou sofrendo... E nessa época do ano, só para complicar
mais, o ar é seco - mas de uma secura tão grande, que não me estranharia
ver nordestinos, como eu, se arrumarem no primeiro pau de arara de volta
pra terra natal, buscando ares mais frescos.
Aqui na capital, quando o sol desponta no horizonte, em plena 6h já é possível sentir o mormaço, o céu fica completamente abafado de fumaça de carros no trânsito. A maioria das pessoas, mesmo acabando de sair do banho matinal, tem sempre a sensação de estar precisando de outra ducha. Quando olhamos à distância no asfalto, mesmo cedo, podemos perceber uma pequena miragem – também chamado de espelhismo – em que temos a sensação de ver água no asfalto, enquanto tudo é só sol e calor.
Porém, mesmo ainda tão quente, parece que muitas
pessoas aqui no Setor Universitário, sem querer esquecer as de outros bairros, não
entendem muito como funciona o sistema da temperatura climática e da umidade do
ar. Não importa o horário, elas sempre estão fazendo alguma espécie de fogueira
na porta de casa, para queimar o lixo ou os gravetos e folhas das árvores que,
secas, caem em suas portas. E se por ventura perguntarmos o motivo, pasmem, é para
limpar a casa, mesmo que isso polua ainda mais o ar com fuligem e nos complique
a respiração. Sem contar que as cinzas, sem vento, ficam entrando na casa dos
próprios ‘espertos’ a cada passo deles.
Quando chega à noite parece até época de São João,
só falta a pipoca, pamonha e quentão. Algumas crianças brincam de queimar
plástico, o que até me faz pensar na responsabilidade paterna ou materna desses
pequenos anjinhos, que com esse ato, claro, piora ainda mais o ar que eu
respiro. Já em outras localidades mais afastadas da cidade, é até comum ver nos
noticiários bombeiros falando sobre as queimadas dos pastos. Acho até que eles
gostariam de xingar os proprietários, mas que por ética não é permitido. Os
jornalistas chamam as queimadas de “comuns” na região, porque incomum mesmo é a
natureza humana de ter preguiça de pensar que pode prejudicar não só a mim, ou
a você leitor, mas principalmente a eles que estão perto da fumaça.
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