segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O fanático é o mais engraçado. Eles gritam,
esperneiam, choram, brigam por tudo e contra todos que tem uma opinião
contrária (parecem até alguns pastores da Universal). Para ele no mundo
democrático só pode ter uma escolha, a dele. Afinal, ele é o certo e o
candidato dele é deus na terra, ai de quem discordar... Não adianta nem tentar
um debate, aliás, debate é uma palavra inexistente no seu vocabulário, pois
quando se há qualquer possibilidade de uma conversa nesse sentido, logo se ofende
e leva para o lado pessoal, não sabem o que dizer. Para ele o livre pensamento
é coisa de quem não tem inteligência para diferenciar os candidatos.
A maior prova do que falo foi mostrado nessas
eleições. Quem não estava em coma percebeu, em todas as redes sociais, os
discursos e as faltas de argumentações provindas de certos fanáticos
partidários durante as campanhas dos respectivos partidos. Não houve um mural
de Facebook, uma linha de tempo do Twitter brasileiro, que não fosse
bombardeado a cada segundo com comentários do tipo “Ptralhas”, “tucanalhas”,
“vai tomar em Cuba” ou “do pó nós viemos, pro pó voltaremos”.
Porém o pior de todos os comentários veio após as
apurações de urnas, falaram a rodo contra minha região natal, nordeste. E
sinceramente, se querem saber, não sei quem é mais hipócrita. Se uma parte dos
sulistas que resolveram a cada instante publicar ideais de: “Nordestinos só
votaram no PT pelo Bolsa Família”, mas lutam pelo Fies, PRONATEC e férias na Bahia, Ceará, Pernambuco. Ou se o político que, agora, resolveu
promover, via imagem, a criação de um muro separando o Norte e o Nordeste do
país, mesmo sabendo que no estado dele, a maioria dos votos veio dos nordestinos.
E é nesse momento que até me recordo de um cordel de Bráulio
Tavares e Ivanildo Vilanova:
Nordeste
independente
Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola, o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Em Recife, o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
"Asa Branca" era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar
O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta
Pesquisar
Criação Lúcio Vérnon. Tecnologia do Blogger.
As mais lidas
-
É mais que consenso. ‘Tô’ me tornando velho e ranzinza. Já não consigo aceitar essa teórica juventude atual com suas músicas no estilo: “...
-
Sei que está ficando até chato toda vez terem que ler que nessa cidade está muito calor. Mas sério, dessa vez não tem como não falar, até...
-
É... Quem diria pai. Você estava certo! O ‘ser adulto’ chega logo, já não volta o tempo, e adultera os sentidos de um saudosismo quas...
Arquivo
-
▼
2014
(43)
-
▼
outubro
(20)
- Cais da espera
- Obsoleto
- O pedido de Impeachment
- Eleição e Nordeste
- Ser gay é...
- Um passeio pelo preconceito
- Chuva de coxinhas
- Insanidade Serial
- Elogios de um dia de calor
- Espertalhões
- Ar seco, fumaça, Goiânia sem respirar
- Violência pela paz: pequeno relato
- O Cabo eleitoral 2
- Abuso de poder
- Velho e Ranzinza
- O preconceito
- o velho problema com o lixo
- Transporte coletivo e sono
- Endereços e informações
- Ovo Maltine, Recargas e Atendentes
-
▼
outubro
(20)